
Instabilidade emocional, insegurança, sensação de inutilidade, impulsividade e relações sociais prejudicadas. Estes são alguns dos sintomas que definem o Transtorno Borderline, um problema grave caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, no comportamento, autoimagem e funcionamento.
Conhecido por ser um transtorno mental altamente lesivo, a Síndrome Borderline leva a episódios de automutilação, agressões físicas e abuso de substâncias. Um dado alarmante é a taxa de suicídio, atingindo cerca de 10% dos pacientes com o transtorno de personalidade.
Além da montanha-russa de sentimentos e da dificuldade em controlar os impulsos, a pessoa com transtorno borderline tende a enxergar suas relações como "tudo ou nada", o que dificulta seu convívio com familiares, cônjuges, amigos e até mesmo com o médico ou terapeuta. O indivíduo pode experimentar episódios intensos de raiva, ansiedade e depressão, que podem durar dias ou apenas algumas horas.
O termo "borderline", que em inglês significa "fronteiriço", teve origem na psicanálise: os pacientes com transtorno de personalidade borderline não podiam ser classificados como neuróticos (ansiosos e exagerados), nem como psicóticos (que enxergam a realidade de forma distorcida), mas estariam em um estado intermediário entre esses dois espectros.
Quais os sintomas de transtorno de personalidade Borderline?
O transtorno borderline é classificado como uma “neurose polissintomática”, o que significa que a doença se manifesta diversos sintomas diferentes, e nem todos estarão presentes em todas as pessoas diagnosticadas. Alguns sintomas de transtorno de personalidade borderline podem ser confundidos com depressão, ansiedade ou bipolaridade, quando na verdade os elementos que geraram essa conclusão são manifestações da síndrome.
Os principais sintomas borderline incluem:
- Medo do abandono e esforços frenéticos para evitá-lo; necessidade elevada de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas ou sem apoio;
- Relações intensas e instáveis com familiares, amigos e entes queridos;
- Baixa autoestima e autoimagem distorcida; instabilidade em relação a si mesmo;
- Comportamentos impulsivos e autodestrutivos, como gastar compulsivamente, abusar de álcool e drogas, conduzir de forma imprudente, compulsão e automutilação;
- Comportamentos suicidas também podem ser recorrentes;
- Humor intenso e altamente variável, com episódios que podem durar algumas horas ou alguns dias;
- Sentimentos recorrentes de vazio e solidão;
- Fúria, ódio ou raiva intensa ou problemas/ dificuldades para controlar a raiva;
- Presença de pensamentos paranoicos relacionados ao estresse;
- Mais raramente podem apresentar episódios psicóticos.
Transtorno de personalidade borderline ou bipolaridade?
Por conta das mudanças no humor, o transtorno borderline é muitas vezes confundido com bipolaridade. No entanto, a alteração entre humor extremo e depressão nas pessoas com transtorno de personalidade borderline geralmente ocorre dentro de horas ou dias, enquanto que na doença bipolar pode durar semanas ou meses.
A bipolaridade alterna momentos de depressão e de mania, ou agitação. Isso pode ocorrer com quem tem Borderline, mas não é o que o caracteriza. A doença bipolar também costuma apresentar crises mais intensas que o transtorno de personalidade borderline, impossibilitando muitas vezes que os pacientes bipolares cumpram suas atividades diárias.
Como identificar uma pessoa com transtorno borderline?
Tratando-se de um transtorno de personalidade, o diagnóstico deve ser feito sempre por um profissional da área de saúde mental, geralmente um psiquiatra. Havendo a suspeita do transtorno, o profissional deverá analisar os sintomas e as experiências do paciente. Quanto mais cedo o transtorno é identificado, melhor.
Quais as causas do transtorno borderline?
Por ser um transtorno mental, existem diversos fatores que podem levar ao desenvolvimento da síndrome de borderline. As crises de personalidade se manifestam quando essas pessoas passam por conflitos emocionais difíceis ao longo da vida, como mortes, separações, brigas e abuso sexual, sobretudo na infância. Por isso, o auge das crises é a adolescência e a juventude, com tendência de diminuição a partir da fase adulta.
Borderline tem cura?
Se você está se perguntando se borderline tem cura, a resposta não é positiva. No entanto, é possível controlar o transtorno de personalidade com a participação de profissionais da área de saúde mental. Os medicamentos que controlam os sintomas apresentados pelo paciente são receitados pelo psiquiatra, enquanto o psicólogo realiza sessões de terapia para trabalhar com as causas da síndrome.
Como lidar com uma crise de borderline?
Ambientes estressantes podem favorecer a crise de borderline, inclusive em cenários de competição exacerbada e convivência com outras pessoas agressivas. Nesses casos, é importante manter a calma, mostrar presença, não julgar, criticar, e procurar ajudar. Não se pode validar a violência, se a manifestação for essa, mas qualquer transtorno de personalidade tem que ser reconhecido pela pessoa e quem está ao redor, e ela não pode ser julgada pelo entorno.
Deixe de lado os preconceitos e estigmas e procure ajuda caso você ou alguém próximo tenha transtorno borderline.