
Recentemente, pesquisadores da Fiocruz Bahia descobriram uma nova linhagem do zika vírus em circulação no Brasil. Pela primeira vez no país, os cientistas detectaram um tipo africano do vírus, com potencial para originar uma nova epidemia. Como atualmente já estamos passando pela pandemia da Covid-19, alguns podem acabar se descuidando de outras doenças, como a causada pelo vírus da zika. Neste artigo, explicamos o risco da doença e porque continuar atento para não ser ser infectado.
Sobre o zika vírus
Transmitido pelo Aedes aegypti e identificado pela primeira vez no Brasil em 2015, o vírus da zika não desenvolve manifestações clínicas em cerca de 80% das pessoas infectadas. O problema é que o vírus zika é contagioso: enquanto está ativo no organismo, o indivíduo contaminado pode infectar outras pessoas por via sexual, sanguínea, perinatal, e até indiretamente, pela picada do mosquito zika. Isso faz com que a cadeia de transmissão se mantenha ativa, aumentando o risco de consequências graves.
Quais são os sintomas do vírus Zika?
Os principais sintomas da zika são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações e músculos, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos.
No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações e mialgia pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem até evoluir para óbito.
Quem corre mais riscos?
Homens e mulheres de todas as faixas etárias podem ser acometidos pela doença, mas gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas, são os grupos de risco com maiores chances de complicações. E as grávidas precisam redobrar ainda mais os cuidados. Isso porque as autoridades sanitárias observaram que ter zika na gravidez poderia ser a causa de morte fetal, insuficiência placentária, restrição de crescimento fetal, microcefalia, malformações e outros problemas neurológicos.
Ainda não se sabe exatamente o motivo, mas há o risco de haver contaminação vertical (passagem de uma infecção ou doença da mãe para o bebê), e as eventuais complicações poderão ocorrer em qualquer tempo da gestação. Por isso, mulheres grávidas devem evitar a exposição ao mosquito zika e viagens a regiões onde o vírus esteja presente.
Dengue, zika e chikungunya podem ter sintomas similares. Na presença de febre, erupção cutânea ou conjuntivite, mais comuns na zika, é preciso buscar assistência médica, especialmente no caso das gestante ou pacientes com comorbidades. Indivíduos com problemas cardíacos e pulmonares também não devem adiar a ida ao médico. Isso porque há risco de agravamento das doenças de base. Outro importante sinal de alerta é a dificuldade para andar, que pode indicar alterações neurológicas.
Como é o tratamento do zika vírus?
Sim, o zika vírus tem cura, e ela é espontânea: após uma semana, o próprio corpo elimina o vírus. O tratamento da zika é focado em aliviar os sintomas, porque não há remédios que ataquem especificamente o vírus. A principal recomendação é se hidratar e descansar. Também são indicados medicamentos para o controle de febre, dor de cabeça, manchas na pele e dor no corpo – os mesmos usados nos pacientes com dengue.
Quadros graves têm a necessidade de hospitalização, tratamento intensivo e até suporte respiratório. Caso a paciente seja gestante, ela deverá ter maior acompanhamento durante o pré-natal para monitoramento. Após o parto, as eventuais sequelas deverão ser tratadas com o apoio dos Centros Especializados de Reabilitação.
E quanto à Síndrome de Guillain-Barré?
A síndrome de Guillain Barré é um distúrbio autoimune caracterizado por fraqueza muscular progressiva, podendo resultar em paralisia, inclusive do sistema respiratório, e ainda pode levar a morte. Embora a relação entre ela e o zika vírus ainda não esteja totalmente estabelecida, há forte correlação.
É possível se prevenir contra o vírus da zika?
Como não existe vacina ou medicamentos para o tratamento da zika, a melhor forma de prevenção é combater o mosquito transmissor, mantendo sua casa sempre limpa e eliminando os possíveis criadouros. O uso de repelentes também é recomendado, inclusive em grávidas e crianças. Usar telas de proteção em janelas e portas e adotar o uso de mosquiteiros na cama também podem ser medidas eficazes contra o mosquito Aedes aegypti. Prefira usar roupas claras que reduzam a área de exposição da pele. Mantenha boas condições de higiene em casa. A OMS ainda recomenda a prática de sexo seguro, especialmente por mulheres gestantes que vivem em áreas de alta transmissão do vírus.