
Erroneamente relacionada à loucura, a demência não é uma doença específica, e sim uma categoria que define diferentes quadros caracterizados pela deficiência cognitiva progressiva. Hoje, a demência acomete cerca de 50 milhões de pessoas ao redor do mundo. Se nada for feito, até 2050, esse valor pode aumentar para 152 milhões.
Os sintomas da demência estão intimamente ligados à memória e lucidez. O risco da mente humana adoecer aumenta com a idade, mas apesar de não ter cura, existem tratamentos e meios de se prevenir a demência. E a melhor forma de fazer isso é poupando nosso cérebro antes de ele envelhecer.
Qual o tipo mais comum de demência?
Atualmente, a doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência no mundo, e também a principal causa de demência em idosos. Essa doença neurodegenerativa progressiva se manifesta apresentando deterioração cognitiva e da memória de curto prazo e outros sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais que se agravam ao longo do tempo.
Na maior parte dos casos, o aparecimento do Alzheimer é modulado pela genética, mas ainda assim, a prevalência vem diminuindo em países de alta renda, o que indica que existem fatores de risco modificáveis em ação.
Além da doença de Alzheimer, Parkinson e Huntington são algumas das formas comuns de demência.
Estudo revela possíveis formas de prevenir a demência
O cérebro ativo tem maior rede de sinapses (zonas de contato entre uma terminação nervosa e outros neurônios) e consegue melhorar. Pensando em formas de manter esse órgão saudável e ativo, um relatório elaborado pela primeira Comissão para Prevenção e Cuidados da Demência da Lancet coletou informações com base em evidências científicas com recomendações sobre como evitar a demência e formas de tratá-la.
O estudo chama a atenção para a importância dos aspectos de vida que precedem a terceira idade, momento quando a demência é mais diagnosticada. Apesar do problema ser mais diagnosticado em idosos, as mudanças cerebrais começam ocorrer anos antes, até mesmo décadas.
Como evitar a demência?
Alguns fatores de risco identificados ao longo de diferentes fases da vida poderiam elevar a probabilidade do desenvolvimento da demência em 35% dos casos. Segundo o relatório, o controle destes fatores de risco faria com que um a cada três casos pudessem ser evitados no mundo. Quem deseja seguir essas orientações, pode começar na juventude.
1 - Aumentar o nível educacional: o maior inimigo do cérebro ativo é a acomodação. E para manter o cérebro funcional, é preciso buscar sempre aprender algo novo. Quanto maior a reserva cognitiva do cérebro, menor a incidência de doenças relacionadas à memória.
2 - Controlar doenças crônicas: na vida adulta, dedique-se a cuidar da hipertensão, da obesidade, do controle da diabetes e busque ter níveis baixos de colesterol e pressão arterial. Alguns dados que relacionam altos índices de colesterol a demências, e este índice está intimamente ligado ao surgimento das proteínas beta-amiloides, relacionadas ao surgimento do Alzheimer.
3 - Tratar a ansiedade: um estudo publicado no periódico The American Journal of Psychiatry sugere uma relação entre níveis elevados de beta-amilóide e a piora dos sintomas de ansiedade, suportando a hipótese de que transtornos neuropsiquiátricos podem representar uma manifestação antecipada da doença de Alzheimer. Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que os sintomas de ansiedade podem ser uma manifestação do Alzheimer antes do início da deficiência cognitiva.
4. Evitar o excesso de álcool: além de provocar danos permanentes às células, o abuso de álcool também pode elevar as chances de a pessoa desenvolver demência precoce e Alzheimer, segundo um estudo publicado no periódico The Lancet Public Health em fevereiro.
5. Cultivar as amizades e o contato social: a solidão pode aumentar o risco de demência e depressão. No entanto, pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, revelaram que relacionamentos positivos mantêm a memória funcionando ao longo dos anos.
6. Dormir bem: uma pesquisa publicada no periódico Proceedings Of The National Academy Of Sciences descobriu que quanto menos as pessoas dormiam, maior era o acúmulo de beta-amiloide no cérebro. E como já citamos anteriormente, o acúmulo dessas proteínas pode favorecer o surgimento de demências.
7. Praticar atividades físicas: uma pesquisa publicada no periódico Journal of Alzheimer's Disease identificou que quanto menos atividade física a pessoa realiza, mais rápida é a deterioração de fibras nervosas vitais no cérebro.
Existe tratamento para demência?
Apesar das drogas psicóticas serem frequentemente usadas para o controle dos sintomas de demência, pesquisadores revelam uma preocupação com o uso destes fármacos, já que eles aumentariam o risco de morte, de eventos cardiovasculares adversos, infecções e também sedação excessiva.
Por outro lado, as intervenções não farmacológicas para pessoas com demência têm um importante papel no tratamento, especialmente para controlar sintomas como agitação e agressão. As evidências indicaram que as intervenções psicológicas sociais e ambientais como a promoção do contato social e de atividades coletivas tiveram um resultado melhor que os medicamentos antipsicóticos para tratar os sintomas associados à demência.
Vale ressaltar que, caso você seja parte de alguns dos fatores de risco, não há motivo para se desesperar. Eles servem como estimativa e representam menos de 50% dos casos (a outra metade possui causas variáveis ou desconhecidas). De qualquer forma, melhorar o estilo de vida é essencial para a boa saúde e prevenção da demência e de outras doenças. Não se esqueça de que o acompanhamento médico continua sendo primordial.